Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Os Lusitanos e a Metalurgia


A par da criação de gado e da pastorícia transumante, outra actividade importante para a economia gentílica dos lusitanos foi sem duvida alguma a metalurgia. O bronze, inicialmente e o ferro, depois, foram trabalhados em alguns castros, os quais se poderiam mesmo ter especializado em tal arte. A presença de moldes em arenito, em cerâmica e em bronze são prova evidente da fundição de tais metais.

A este nível, um dos castros mais importantes seria o da Senhora da Guia de Baiões, pois ali se encontrou o maior conjunto de objectos de bronze de toda a Beira, tais como: foices; argolas; partes de carros votivos; pulseiras e virias; raspadores; taças de servir à mesa, fíbulas; etc. Um dos mais notáveis objectos de toda esta colecção é um molde de fundição de machados de bronze mais um exemplar de machado fundido no mesmo.

As vírias, símbolo de poder, usadas pelas elites guerreiras, eram pulseiras mais largas usadas ao nível do bíceps. Em analogia com outras culturas guerreiras, quantas mais possuísse um guerreiro, maior era a sua bravura e a sua notoriedade.

Algumas das pulseiras eram ornamentadas de modo requintado, por triângulos e linhas ondeadas.

As foices que se conhecem destinavam-se a ser encabadas com um cabo de madeira, através dos pequenos orifícios laterais no alvado que serviriam para a sua fixação.

As argolas, que se destinavam a ser usadas em decoração de arreios e outros objectos e, provavelmente, usadas também como adorno pessoal, são um dos vestígios arqueológicos de bronze mais abundantes nos castros lusitanos.

As fíbulas de bronze, que eram um dos adereços do vestuário mais importantes, integram-se nas tipologias estabelecidas pelos arqueólogos para estes períodos da Idade do Bronze e do Ferro, sendo as mais antigas de duplo enrolamento ou de dupla mola.

As jóias em ouro e prata faziam também parte dos adornos masculinos e femininos dos lusitanos, tendo sido encontrados em diversos lugares da região de entre Tejo e Douro. Junto ao castro da Cárcoda foi encontrada uma viria em ouro que pesa cerca de 800 gramas. É lisa, ligeiramente convexa na parte externa e tem apenas um equino enquadrado por dois pequenos filetes.



Um outro tipo de jóia muito frequente, também encontrado entre os vestígios arqueológicos achados nos castros lusitanos é o torques, um tipo de colar em forma de ferradura que termina numa espécie de botões. Estes seriam usados pelos chefes de clã e também pelos chefes militares eleitos pelos lusitanos, entre as elites guerreiras, em tempo de crise. Um dos torques mais antigos, se não mesmo o mais antigo, foi encontrado em 1948 no castro da Senhora da Guia de Baiões.

Uma das principais vertentes da metalurgia lusitana era a produção de armas: punhais, lanças, pontas de lança e falcatas.


O punhal era curto, leve e facilmente manejável o que fazia dele uma arma defensiva e ofensiva letal. Um punhal era constituído pela lamina de bronze que podia ser lisa e tinha uma nervura central que o tornava mais espesso e mais resistente e tinha um cabo em madeira a que se fixava por rebites ou pregos e por isso, quando encontrado por completo, apresenta os orifícios onde esses rebites penetravam.

As pontas de lança que se conhecem têm um alvado perfurado lateralmente com dois orifícios colocados simetricamente para fixação ao cabo de madeira. Estas seriam transportadas pelos guerreiros até ao local de combate e aí fixas a um cabo. Os exemplares encontrados apresentam em geral uma lâmina triangular e secção mais ou menos losangonal.

A metalurgia deste longo período de um milénio que consideramos como o período de formação dos lusitanos passa depois, numa segunda fase, a utilizar o ferro. Alguns dos objectos de ferro apresentam datações dos séculos X-XI a.C. o que pressupõe que uma utilização de objectos de ferro, certamente usados apenas por uma elite, coexistiu com os objectos de bronze fabricados localmente.

A partir da entrada do ferro, a evolução vai ser rápida e a vida dos povos peninsulares altera-se. As formas metalúrgicas não se alteram radicalmente, pode-se mesmo dizer que elas se mantêm, embora o metal fosse agora outro. Os instrumentos utilitários, nomeadamente os agrícolas e as armas passam a ser de ferro, o que vai facilitar o amanho da terra e as restantes tarefas agrárias. 

Fonte: Lusitanos - No tempo de Viriato - João Luís Inês Vaz - Ésquilo

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