Em plena crise, o pensamento inquieta-se e interroga-se; ele pesquisa as causas mais profundas do mal que atinge a nossa vida social, politica, económica e moral.
As correntes de ideias, de sentimentos e interesses chocam brutalmente, e deste choque resulta um estado de perturbação, de confusão e de desordem que paralisa toda a iniciativa e se traduz na incapacidade de encontrarmos soluções para os nossos males.
Portugal perdeu a consciência de si mesmo, da sua origem, do seu génio e do seu papel, de herói intrépido, no mundo. Chegou a hora do despertar, do renascimento, de eliminar a triste herança que os povos do velho mundo nos deixaram, as bafientas formas de opressão monárquicas e teocráticas, a centralização burocrática e administrativa latina, com as habilidades, os subterfúgios da sua politica e dos seus vícios, toda esta corrupção que nos tolda a alma e a mente.
Para reencontrar a unidade moral, a nossa própria consciência, o sentido profundo do nosso papel e do nosso destino, isto é, tudo o que torna uma nação forte, bastaria a nós portugueses eliminar as falsas teorias e os sofismas que nos obscurecem o caminho de ascensão à luz, voltando à nossa própria natureza. Às nossas origens étnicas, ao nosso génio primitivo, numa palavra, à rica e ancestral tradição lusitana e/ou celtibera, agora enriquecida pelo trabalho e o progresso dos séculos.
Um país, uma nação, um povo sem conhecimento, saliência do seu passado histórico, origem e cultura, é como uma árvore sem raízes. Estéril e incapaz de dar frutos.

terça-feira, 8 de maio de 2012

A Língua Lusitana

 
A língua lusitana é uma língua paleo-hispânica indo-europeia conhecida por cerca de cinco inscrições e inúmeros topónimos e teónimos. A língua era falada na Lusitânia histórica, ou seja, no território habitado pelos povos lusitanos que se estendiam entre o rio Douro e o Tejo.


Provavelmente, o lusitano era uma língua indo-europeia com características próprias, diferente das línguas do centro da península Ibérica. Seria mais arcaica que a língua celtibérica.

A filiação do lusitano continua em debate, havendo quem defenda de que se trata de uma língua celta. Essa teoria baseia-se em factos históricos em que os únicos povos indo-europeus que se têm notícia na península são os celtas. No entanto, maior peso teve a óbvia celticidade da maior parte do léxico, sobre todos os antropónimos e topónimos.

Existe um problema substancial nessa teoria: a conservação inicial do /p/, como se vê em PORCOM. As línguas celtas tinham perdido esse /p/ inicial ao longo da sua evolução: compare-se com athir / orc (gaélico Irlandês) e pater / porcum (latim) significando "pai" e "porco", respectivamente. A presença deste /p/ poderia-se explicar por ser uma língua celta muito primitiva, logo anterior à perda do /p/ inicial.

Uma segunda teoria, defendida por Francisco Villar e Rosa Pedrero, relaciona o lusitano com as línguas itálicas. A teoria baseia-se em paralelismo de nomes de deuses (Consus latim / Cossue lusitano, Seia latim / Segia lusitano, Iovia marrucino / Iovea(i) lusitano) e outro léxico (gomia umbro / comaiam lusitano) junto com alguns outros elementos gramaticais.

Finalmente, Ulrich Schmoll propôs um ramo próprio a que chamou galego-lusitano (ou galaico-lusitano).

No entanto, não se conhecem textos com tamanho suficiente para decidir uma ou outra direcção.


Foram encontradas inscrições em Arroyo de la Luz (em Cáceres), Cabeço das Fráguas (na Guarda) e em Lamas de Moledo (Castro daire). E, levando em conta a informação dada pelos diferentes teónimos, antropónimos e topónimos, a extensão corresponde ao nordeste de Portugal moderno e zonas adjacentes de Espanha, com centro na Serra da Estrela.

Existem suspeitas fundamentadas de que a zona dos povos galaicos (Norte de Portugal e Galiza), astures e, quiçá, os Vetões, ou seja, todo o noroeste peninsular, falariam línguas aparentadas com o lusitano e não com línguas celtas, como se costuma crer.

Com a romanização da Lusitânia, tal como todas as outras línguas peninsulares, excepto o basco, o lusitano rapidamente sucumbiu à pressão e ao prestígio do latim. No entanto julga-se que esta tenha desaparecido por completo apenas por meados do ano 500 d.C. após a morte do último dos falantes. 

As inscrições mais conhecidas são as de Cabeço de Fráguas e Lamas de Moledo em Portugal. Todas as inscrições conhecidas estão escritas sobre pedra, em alfabeto latino.

Lamas de Moledo



A Inscrição do Penedo de Lamas situa-se em Lamas, na freguesia de Moledo, concelho de Castro Daire, distrito de Viseu.

Provavelmente a inscrição é uma referência a uma divindade do periodo pré-romano. Está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1953. As inscrições estão a desaparecer com a erosão.

Antigamente dizia-se que quem conseguisse decifrar o que lá estava escrito o penedo se abriria e lá dentro se encontraria muito ouro.

RUFUS ET
TIRO SCRIP
SERUNT
VEAMINICORI
DOENTI
ANGOM
LAMATICOM
CROUCEAO
MACA
REAICOI PETRANOI R
ADOM PORCOM IOUEAS
CAELOBRICOI

Tradução plausível:

Rufino e Tiro determinaram: O clã dos Veaminis (Veamini) oferecem um vale defensivo de colinas à rainha-mãe dos prestigiados Petranios. Garantindo (oferecer) um próspero porco aos jovens (cidadãos) Caelobrigenses.

Cabeço das Fráguas



Localiza-se junto da Quinta de S. Domingos, na zona este da freguesia de Benespera no concelho da Guarda, distrito da Guarda.

Trata-se de um sítio arqueológico da maior importância, referente a um antigo local de culto a divindades lusitanas datado do séc. V a.C.

No topo do cabeço encontra-se uma escavação arqueológica que prova a existência de algumas edificações lusitanas possivelmente destinadas ao culto.

Nas imediações do cabeço foram encontradas 20 aras religiosas contemporâneas dos lusitanos, o que se reveste da maior importância já que, por comparação, em toda a província vizinha de Salamanca, Espanha apenas existem 18 aras.

Pensa-se que o cabeço poderá ser o local da morte de Viriato e das suas possíveis cerimónias fúnebres sob a forma de cremação em pira funerária. Podendo por isso ser o equivalente ao túmulo em outras culturas fúnebres.

OILAM. TREBOPALA.
INDI. PORCOM. LAE(uel B)BO.
OMAIAM. ICCONA. LOIM/INNA. OILAM. VSSEAM.
TREBARVNE. INDI. TAVROM./ IFADEM [...?]
REVE. TRE [...]

Tradução plausível:

A Trebopala uma ovelha e a Laebo um porco, a Iccona Loiminna uma vaca, a Trebaruna uma ovelha de um ano e a Reva Tre-(?) um touro de cobrição.

3 comentários:

  1. Respostas
    1. Boas,
      existem nomes lusitanos sim, Roberto!
      Eu mesmo tenho uma lista de cerca de vinte (apenas masculinos).
      Confesso que não foi fácil encontrá-los, no entanto estão à vista de toda a gente, basta procurar bem! Estou a usá-los parar nominar as personagens do romance que estou a escrever actualmente. Coisa que nunca nenhum romancista fez. Os nomes que usam ou são os poucos que chegaram ao publico em geral, tais como; Caturo, Tongino e ainda Tuatalo ou então inventam.
      Apenas não os posto aqui porque o segredo é a alma do artista. No entanto há que referir que tais nomes aparecem já esccritos em latim, embora sejam lusitanos.
      Nantumaurus, o nome que habitualmente uso como nic na net é um deles.

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